08/04/2020 20:56

Grupo de empregadas da Caixa interage virtualmente em clube de leitura

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Para a “Confraria das Clarices”, formada por empregadas da ativa e aposentadas da Caixa que apreciam acaloradas discussões literárias, o termo “se reinventar” ganhou um significado especial, em tempo de confinamento. Impedidas se de reunir para seu clube de leitura, elas fizeram pela primeira vez seu encontro mensal, por vídeo, na semana passada.

O livro escolhido para a reunião virtual foi “Fahrenheit 451”, um romance de ficção científica, escrito em plena Guerra Fria por Ray Bradbury e publicado em 1953. A obra, coincidentemente, tem relação com o momento atual vivido no mundo, devido à pandemia de coronavírus, segundo a idealizadora da Confraria, Cleia Dalla Costa. “No encontro, não conseguimos desvincular as discussões do livro de tudo que estamos vivendo hoje. O tom de ficção científica é usado para disfarçar seu viés político e distópico”, conta.

Para Cleia, o encontro por vídeo funcionou muito bem, pois todas “Clarices”, como são chamadas as integrantes, conseguiram ouvir e expressar sua opinião. Para reforçar a ideia central da história, foi incluído pequeno trecho do filme que conta a história do livro. “Provavelmente, usaremos esse recurso outras vezes, mas sentimos muita falta do abraço e esperamos, em breve, nos encontrar”, informa a aposentada.

Como tudo começou
Criar um clube de leitura era um sonho antigo de Cleia. “Quando ainda trabalhava na Caixa (há cerca de quatro anos), cheguei a fazer cópias do filme ‘A Sociedade Literária’ e a ‘Torta de Casca de Batata’ e distribuir a amigas para convencê-las a iniciar um grupo de leitura, mas a correria era tanta que o plano não foi para frente”, conta a representante do grupo.

O clube só saiu da idealização em março de 2017, a partir da festa de despedida da Superintendência da Caixa, na época em que Cleia e várias amigas estavam se aposentando. Com a participação também de colegas da ativa, o primeiro encontro do grupo aconteceu em abril daquele ano, com a leitura de “A hora da estrela”, de Clarice Lispector.

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“A primeira reunião foi uma surpresa muito especial. Escolhemos um livro curto e fácil de ler, mas extremamente intenso. Teve muito debate, exposição de pontos de vista diferentes e paixões pelos mais diferentes personagens (ou ódio). Sim, somos um grupo muito passional”, lembra a idealizadora do grupo, cujo nome e de suas literatas foi inspirado pelo livro de estreia.

As escolhas
Depois, veio “A Revolução dos Bichos”, de George Orwell, e a Confraria não parou mais. Nos últimos três anos, as “Clarices” leram e discutiram 30 livros de diversos gêneros. Com o mesmo entusiasmo e sem ressalvas, elas vão de obras de ficção científica, como “O Fim da Eternidade”, de Isaac Asimov, ao romance, “A Elegância do Ouriço”, de Muriel Barbery.

Cleia destaca o esforço das “Clarices” que ainda estão na Caixa em participar. “Elas dizem que é um momento só delas e a leitura as desconecta da vida real. Relatam que a fantasia e as histórias, somadas aos encontros, levam ao relaxamento, o que traz muito prazer e engrandecimento para a alma”, conta.

A seleção das obras acontece na confraternização de fim de ano da Confraria. Cada participante traz dois ou três títulos, mas apenas um é escolhido. De acordo com Cleia Dalla Costa, o livro do mês tem a coordenação da ‘Clarice’ que o indicou e esta também é responsável pelo local onde será realizada a reunião. O espaço pode ser um café-livraria, restaurante ou lugar privado.

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Atualmente, o clube não tem capacidade para novas participantes, devido à limitação para ouvir todas nas reuniões presenciais. No entanto, segue inspirando novos grupos de leitura e de incentivo à cultura.

 

 

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