23/11/2018 19:02

Novembro Azul: médico diz que apoio da família ajuda no diagnóstico precoce de câncer

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Depois do Outubro Rosa, os homens entram no jogo da prevenção e do cuidado com a saúde por meio do Novembro Azul. Inspirada no Movimento Movember surgido na Austrália – a campanha, criada em 2011 no Brasil pelo Instituto Lado a Lado, tem ganhado espaço na promoção de ações e esclarecimentos sobre o câncer de próstata. O alerta se deve ao fato de a doença ser uma das mais comuns entre os homens acima de 50 anos – perdendo apenas para os tumores de pele. No Brasil, o câncer é responsável por 69 mil novos casos e 13 mil óbitos por ano. “Embora seja uma doença comum, por medo ou por desconhecimento, muitos homens ainda preferem não conversar sobre o assunto”, conta o médico-residente em Urologia, Luis Fernando Macente Sala, que atua no Hospital Nossa Senhora das Graças. Em entrevista ao site da APCEF-PR, ele explicou questões importantes sobre a doença.

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APCEF-PR - A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é de que, por ano, 69 mil novos casos de câncer de próstata sejam diagnosticados, um a cada 7,6 minutos. Quais as principais dificuldades no combate à doença?
Luis Fernando Macente Sala - A grande dificuldade no combate ao câncer de próstata ainda é a não realização de acompanhamento urológico. O preconceito e a desinformação incutidos pela população leiga atrapalha a prevenção de uma doença com um grande potencial de cura.

APCEF-PR - Como os sintomas se manifestam e são detectados?
Luis Fernando - Na maioria dos casos, o câncer de próstata não apresenta sintomas. Entretanto, nos mais avançados, podem ocorrer dor e diminuição da força do jato urinário, sensação de que a bexiga não esvaziou completamente, dificuldade para iniciar a micção, necessidade de fazer força para manter o jato e sangue na urina ou no esperma. Quando a doença se espalha pelo corpo, os pacientes apresentam dores ósseas, principalmente na coluna e na bacia.

APCEF-PR - Quais os principais fatores de risco?
Luis Fernando - Existem três fatores de riscos bem estabelecidos: aumento da idade, quanto mais velho o homem maior a chance de ter a doença. A origem étnica, como homens americanos terem maiores chances de desenvolver a doença do que asiáticos, e predisposição genética. Se um parente de primeiro grau teve câncer de próstata, as chances são pelo menos o dobro de quem não tem parentesco.

APCEF-PR – Qual a importância da campanha “Novembro Azul” na prevenção da doença?
Luis Fernando - A criação do Novembro Azul traz aos consultórios muitos homens que não o frequentam há algum tempo ou nunca vieram antes a uma consulta. Faz parte do acompanhamento do homem não somente a prevenção do câncer, mas também uma visão geral de sua saúde e sua prevenção.

APCEF-PR - Como é feito o exame para realizar o preventivo?
Luis Fernando - Pela solicitação do exame de sangue, chamado PSA, e realização do toque retal por um médico capacitado. É importante lembrar que o exame de próstata é indolor e muito rápido.

APCEF-PR - Qual a recomendação para evitar a doença?
Luis Fernando - Uma dieta rica em frutas, verduras, legumes e com menos gordura, principalmente as de origem animal. A alimentação balanceada ajuda a diminuir também o risco de outras doenças crônicas não transmissíveis. Nesse sentido, recomendamos ainda outros hábitos saudáveis, como fazer, no mínimo, 30 minutos diários de atividade física, manter o peso adequado à altura, diminuir o consumo de álcool e não fumar.

APCEF-PR – Como a família pode incentivar o homem a fazer o exame?
Luis Fernando - Tratando-se de uma doença potencialmente curável em fases iniciais, a família é essencial na prevenção do tumor de próstata. É importante lembrar o pai, irmão, tios e avós para realizar a consulta com o urologista. A Associação Europeia de Urologia e a Sociedade Brasileira de Urologia recomendam o exame em homens a partir dos 50 anos ou a partir dos 45, no caso de negros e homens com histórico familiar da doença.

APCEF-PR - Detectado o câncer de próstata, quais os tratamentos disponíveis?
Luis Fernando - Há varias modalidades de tratamento para o câncer de próstata. Dependerá da idade do paciente, grau evolutivo da doença e desejo do paciente. Em fase inicial, o principal meio de tratamento é a cirurgia, a qual pode ser acompanhada ou não de radioterapia e hormonioterapia. A escolha do melhor tratamento é feita individualmente, pelo médico urologista, caso a caso, após definir quais os riscos, benefícios e melhores resultados para cada paciente.

APCEF-PR – Qual a chance de cura e possibilidades de sequelas, inclusive para ter filhos?
Luis Fernando - A taxa de sobrevida em cinco anos para câncer de próstata, em estágio inicial, é de aproximadamente 100%. Pacientes submetidos ao tratamento, na maioria das vezes, permanecem sem sintomas a longo prazo. Em outros casos, após o tratamento, podem aparecer sinais, como incontinência urinária, muitas vezes temporária, e disfunção erétil. Vale ressaltar que, apesar de sua ocorrência, os sintomas poderão ser tratados.

 

 

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