16/06/2023 21:00

Com o projeto Jardim Doce Mel, APCEF-PR cria espaço para abelhas sem ferrão

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Elas não usam crachá e nem tecnologias desse tempo, mas são responsáveis por cerca de 80% da polinização das plantas. As abelhas sem ferrão são as novas colaboradoras da APCEF-PR, que contribuirão para a melhoria da preservação ambiental da sede de Curitiba. Entre suas características, estão também temperamento controlado e grande dedicação ao trabalho.

Com esse currículo notável das abelhinhas, a APCEF-PR se motivou a criar o projeto Jardim Doce Mel. “O intuito do nosso projeto é educativo e soma-se aos do viveiro de mudas e do orquidário, para conscientização do cuidado com o meio ambiente”, explica a coordenadora da iniciativa, Olga Pchek. Segundo ela, o Jardim é inspirado na iniciativa da Prefeitura de Curitiba, que coloca caixinhas de colmeias nos parques da cidade.  

O presidente da APCEF-PR, Jesse Krieger, destaca que o projeto tem seu lado pedagógico, mas também é uma forma de proteger a flora, especialmente a da sede da associação. “As abelhas são essenciais para o planeta, pois, sem elas, não existe polinização das plantas e, assim, não teríamos alimentos”.

Na sede, as abelhas estão alojadas em caixinhas de madeira, que parecem casinhas construídas especialmente para sua sobrevivência. De lá, elas saem para fazer o serviço externo, polinizando as diversas plantas da associação, ajudando na sua reprodução e, por consequência, na formação de frutos e sementes.

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Produção eficiente e segura


Até o momento, o Jardim Doce Mel mantém seis caixinhas-lares, quatro delas doadas pelo colega aposentado, Arnaldo Guerino Raimundo, que é criador de abelhas sem ferrão em Guarapuava e está assessorando o pessoal do projeto. Ele conta que as estruturas contêm colmeias de seis espécies - Mandaçaia, Manduri, Jataí, Iraí, Mirim Emerina e Mirim Droryana. No Brasil, há cerca de 240 espécies sem ferrão e no Paraná, pelo menos 35, de acordo com o criador.

“Essas abelhas são responsáveis pela polinização de boa parte das florestas. Com seu trabalho, as plantas se reproduzem melhor e algumas árvores frutíferas dependem dela, como a do morango. Elas são muito importantes para a biodiversidade”, observa Arnaldo, completando que essas cooperadoras produzem mel e de boa qualidade, mas não em grande quantidade.

Ao contrário do que muitos pensam, as abelhas sem ferrão não atacam quando mexem com elas, como suas parentes da espécie africana, esclarece o criador aposentado. “Elas saem para fazer as visitas às plantas e voltam para sua casa. No máximo dão uma mordiscada no nariz, mas não fazem mal à saúde”.

Comida farta e cuidados especiais

Para o responsável pelo cuidado ambiental da APCEF-PR, Orlando Stolf, que reforça o fato dessas abelhas serem inofensivas, a implantação do Jardim é motivo de comemoração. “Há mais de um ano luto para que o projeto se torne realidade. Conseguimos convencer as pessoas de que as abelhas nativas não agridem e têm papel essencial na perpetuação da flora e da fauna”, conta.

O ambientalista observa que a área arborizada da associação é um “prato cheio” para as abelhinhas. Em quase 20 anos, houve o plantio de quase 15 mil árvores e arbustos, de acordo com Orlando, e a maioria já está florescendo, como ipês, cerejeiras-do-japão e laranjeiras. Outras plantas com flores também fazem parte do patrimônio da associação, como margaridas e hortênsias.

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No período de frio, a alimentação das abelhinhas, no entanto, torna-se um desafio para a equipe do projeto, já que algumas espécies quase não saem para suas visitas e precisam complementação em sua comida. “Agora, no inverno, precisamos dar um xarope de açúcar e água, em proporções iguais, colocadas em potinhos dentro da caixinha”, informa Olga Pcheck.

A associada Helena Monti, que criou uma placa de mosaico para o nome do Jardim Doce Mel, completa o time do projeto. Quando perguntada sobre o motivo de sua participação, ela é categórica: “Abelha significa vida. Se ela não existir, a classe viva será extinta”. Como próximos passos do grupo, Helena adianta que estão sendo negociadas mais três caixinhas do inseto, envolvendo o presidente da Associação dos Economiários Aposentados do Paraná (AEA-PR), Valfrido Oliveira, que já trouxe algumas delas do colega de Guarapuava para a capital.

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