04/11/2020 20:34

Morre Nildinha, tia do antigo berçário da APCEF-PR, e deixa também "filhos" do coração

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Nilda Ferreira, mais conhecida como tia Nildinha, que cuidou de filhos de vários associados no antigo berçário da APCEF-PR, morreu no dia 24 de outubro. Aos 74 anos, ela foi vítima de cirrose hepática, decorrente da evolução de hepatite B.

Com 25 anos de trabalho na associação, Nildinha começou em 1982 na limpeza, mas logo assumiu a função de baby sitter do então espaço do bebê. Conhecida por seu carinho e dedicação aos pequenos, ela era considerada como uma “mãe” a gerações de sócios, que hoje têm na faixa etária dos 20 a 40 anos. Por isso, além de quatro filhos (foto), 14 netos e uma bisneta, ela deixou filhos do coração.  

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Na postagem da morte de Nildinha no Facebook de Terezinha Lunardan, amiga conhecida na APCEF-PR, mais de 50 comentários, boa parte de associados mais antigos, lembraram do jeito carinhoso da colaboradora com seus filhos. Terezinha conta que sua mãe a conheceu primeiro, quando trabalhava na associação e, depois, ao entrar na entidade em 1983, fez amizade com ela. “A Nildinha era muito carismática, humilde e não tinha maldade no coração”.

Os filhos de Terezinha, Franciele e Cristiano Lunardan, de 31 e 28 anos, também passaram pelos cuidados da amiga na infância. A proximidade foi tão grande que a garota convidou Nildinha para que ela fosse sua madrinha de crisma, o que de pronto foi aceito. Segundo Terezinha, por isso, quando viu o nome Nilda Ferreira em um obituário, buscou antes confirmar a informação da morte e aí avisar a filha.  

Histórias que vem de berço
Quando viu a mensagem na rede social, Helena Monti foi uma das associadas que se manifestou com boas lembranças da baby sitter. Ela afirma que Nildinha dedicou atenção a seus quatro filhos – Luciano, Juliana, Cesar Augusto, o Guto, e Lilian, hoje todos casados. Os dois primeiros foram cuidados no berçário, onde a sócia conta que havia alguns berços, cozinha e sala para amamentar, e Guto e Lilian tiveram mais contato com Nildinha na época do Clube da Criança, quando tinha principalmente colônia de férias.

Das histórias dessa relação, Helena lembra a ocorrida no início dos anos 80, quando participou de um baile com o marido Cesar Augusto de Souza. Como Luciano, hoje com 41 anos, tinha cerca de cinco meses, eles o deixaram no berçário. Com fome, ele começou a chorar e Nildinha foi chamar Helena no salão para amamentá-lo. “Depois, ela trocou a fralda do Luciano e voltei para o baile. Quando meus filhos estavam com ela, não precisava me preocupar”.

Ricardo Costa também tem ótimas recordações da mãezona, como ele chama Nildinha. Uma delas foi na época em que seu filho Guilherme, 28 anos, era bebê e estava com icterícia (coloração amarela comum em recém-nascidos causada pelo aumento de bilirrubina no sangue). Ao ver a aparência amarelada de seu filho, o associado conta que Nildinha colheu folhas de picão no bosque da sede e pediu permissão se poderia dar um banho ao pequeno com elas. “Junto com a medicação, o banho ajudou a melhorar a saúde de Guilherme. Os gestos dela em favor às crianças iam além de suas atribuições”.

Outra que passou pelo colo aconchegante de Nildinha foi a filha mais nova do sócio, Isabele. Enquanto Ricardo jogava futebol ou fazia churrasco com familiares, ela e o irmão ficavam sob o olhar atento da baby sitter. “Na APCEF, sentíamos como uma grande família e a Nildinha fazia parte dela. Queríamos ter curtido mais essa pessoa de coração imenso”, ressalta Costa.

Nilda Ferreira se aposentou em 2007 fazendo o que mais gostava: cuidando de seus pequenos no clube do bebê da associação. A filha Cibele conta que, quando ela e os irmãos eram crianças, chegaram a passar alguns dias no berçário, onde funciona hoje o Espaço da Mulher, até que a casa de sua mãe, no Cajuru, ficasse pronta. “Minha mãe tinha um carinho especial pela APCEF-PR e os associados e eles por ela”.

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Depois de se aposentar, Nildinha realizou o sonho de morar na praia. Viveu em Guaratuba e, depois, passou um tempo em Camboriú (SC) com uma das filhas. Teve de voltar a Curitiba para tratar a hepatite B, mas nunca perdeu o olhar doce e seu amor pelas crianças.

 

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